Marabá, 19 de abril de 2024

Síntese, Dom Vital Corbellini CF 2020 – CNBB Olá Povo de Deus: Estou enviando uma síntese da CF 2020 para ser lida, meditada. Será importante divulgar a CF 2020 em todos os grupos de base. Um forte abraço em Cristo Jesus

28 de fevereiro de 2020   .    Notícias da Diocese

Tema: Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso

Lema: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10,33-34)

            Apresentação: A CF é dada na Quaresma em vista da conversão de vida, no serviço aos irmãos e irmãs, à sociedade e ao planeta e à casa Comum. Em cada ano há um tema importante para ser refletido, como foi a família, políticas públicas, saúde, trabalho, educação, moradia, violência entre outros temas. Este ano será sobre a vida, como um clamor que brota em tantos corações e na criação (LS, n. 53). Sabemos das atitudes de violência contra vida humana e também na criação, de modo que devemos trabalhar pelas suas superações e por uma vida digna. Não se pode cair na globalização da indiferença, como nos fala o Papa Francisco. Se de fato não somos capazes de perceber a desumana dor ao nosso lado, também nós nos tornamos desumanizados. É preciso ver a vida nesta CF 2020 como dom e compromisso, no sentido de seu ver, solidarizar-se e cuidar.

            O bom samaritano: anúncio da compaixão e do cuidado com a vida

            A parábola do bom samaritano orientará a CF 2020 no sentido da vida que é dom de Deus, compromisso com a vida que levamos no dia a dia. Jesus ressaltou que o amor a Deus passa pelo amor ao próximo sem o qual nós não amamos de verdade a Deus. Jesus é o verdadeiro bom samaritano que se aproxima dos homens e das mulheres que sofrem por compaixão e restitui a dignidade perdida. Jesus mesmo é o modelo dessa opção evangelizadora que nos introduz no coração do povo.

Objetivo geral: Conscientizar, à luz da Palavra de Deus, para o sentido da vida como dom e compromisso, que se traduz em relações de mútuo cuidado entre as pessoas, na família, na comunidade, na sociedade e no planeta, nossa casa comum.

Objetivos específicos: apresentar o sentido da vida que vem de Jesus Cristo; propor a compaixão nas relações sociais; fortalecer a cultura do encontro, do cuidado; promover e defender a vida, desde a fecundação até o seu fim natural;

I parte: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10,33-34)

1 O olhar de Jesus – atenção aos outros. O olhar de Deus em relação à criação é reflete no olhar de Cristo. Temos dois olhares apresentados por Jesus na parábola do bom samaritano: o olhar da indiferença pelo sacerdote, o levita e o olhar do compromisso como o samaritano. Somente o olhar interessado que vem pelo amor de Deus percebe o grito que emerge da pobreza e da agonia da criação (DGAE 2019-2023). A Conferência de Aparecida coloca-nos a importância de olhar a realidade como discípulos missionários de Jesus Cristo (DAp, n. 20). Mostra-nos a alegria pela vida numa realidade que as vezes parece caótica que a vida é dom e compromisso. Santa Dulce cuidou dos pobres, dos mais necessitados da vida humana.

  • O olhar da indiferença gera ameaças à vida

111 O Olhar que abandona a vida das pessoas. O amor constrói e solidifica. É preciso empreender muitos esforços para que a vida esteja em primeiro lugar. Muitas crianças, 22,6% vivem em situação de extrema pobreza. A desigualdade é uma realidade na sociedade brasileira. Em 2017, o Brasil era o nono pais mais desigual do planeta em distribuição de renda. O aborto é uma realidade que ameaça a vida das crianças desde o ventre materno. Ela não é reconhecida como pessoa e torna-se objeto de descarte e fonte de lucro, por exemplo, no uso dos embriões para pesquisas. É preciso defender o inocente nascituro, como também a vida dos pobres e que vivem na miséria como nos fala o Papa Francisco. Outro cenário é o desemprego eu no primeiro semestre de 2019, segundo o IBGE dizia que havia uma população desocupada em 13,4 milhões. O Brasil é o pais mais ansioso e estressado da América Latina, porque o número de pessoas com depressão na qual sofrem 5,8% sofrem com o problema. A automutilação é um fenômeno que tem crescido entre os jovens, agredindo o próprio corpo de diferentes formas. A automutilação é reflexo de uma incapacidade de lidar com os seus próprios sentimentos, angústias, medos, tristezas e conflitos. Em 2016 no Brasil houve 11.433 mortes por suicídio, ou seja, 31 casos por dia. Nos seis primeiros meses de 2018 ocorreram 19.398 mortes no transito e 20 mil casos de invalidez permanente do pais. Há muita fala de respeito pelas leis do transito, de atenção dos motoristas. Entre os anos de 2003 e 2018 ocorreram mais de 1200 assassinatos de indígenas. Outra realidade são os feminicídios, onde há mortes de mulheres por serem mulheres. Os conflitos no campo estão em alta passando em 2017 de 1431 para 1489, nas quais 1.124 foram por terra. Os conflitos por água aumentaram nestes últimos anos desde 2002 com um aumento de 40,1%. Alguns massacres com pescadores, ribeirinhos ocorreram nestes últimos anos como em 2017 71 pessoas foram assassinadas, sendo 31 em cinco massacres. As redes sociais também entraram nesta violência, causando grande mal à vida.

112 o Olhar que destrói a natureza. Amar pode vencer o egoísmo (Santa Dulce dos Pobres). Nos últimos anos cresceu a consciência pela natureza e a superação da agressão à mesma. É preciso encontrar respostas, soluções para os sistemas naturais e sociais. Há autentico progresso quando há melhoria global na qualidade da vida humana e isso também nos ambientes em que vivem as pessoas. O olhar só pela economia fez mudanças na casa comum, nos coloca o Papa Francisco. Os desequilíbrios climáticos estão ocorrendo sempre mais nas cidades e nos campos onde ocorrem chuvas intensas com enormes estragos. Tivemos os rompimentos das barragens de Mariana e Brumadinho em MG causando enormes estragos nas famílias, nas comunidades e na sociedade.

  1. O olhar da indiferença exclui a vida. A vida está sendo agredida, porque o lucro está acima das pessoas e da dignidade humana. Há a indiferença e o ódio que paralisam o que é justo, de modo que nada poderá ir para frente se houver indiferença e ódio. São João Paulo II falou no Evangelium Vitae de que tudo o que se opõe a vida ofende a honra devida ao Criador, como genocídio, homicídio, aborto, eutanásia, suicídio, prostituição, feminicídios, e outros crimes contra o ser humano (EV n. 3 ). É preciso construir juntos o bem e rejeitarmos o mal.
  2. O olhar de solidariedade social. O olhar da fé identifica luzes. Não podemos esquecer o testemunho de quem defende a vida atuando nas diversas entidades como Conselhos de Direitos, OGNs, Organizações não governamentais, movimentos sociais, conselhos, sindicatos. Diante da agressão à vida temos experiências bonitas de defesa da vida, missionárias, testemunhando o valor e a inviolabilidade da vida humana e dão prova que o amor é a medida para se acolher a vida. É incontável o numero de pessoas que promovem e defendem a vida, como a Pastoral da criança, a Pastoral da saúde, carcerária, pastoral do povo na rua, pastoral do menor, aqueles que salvam crianças do aborto, casas pró-vida, pastoral da sobriedade, pastoral da pessoa idosa e tantas outras pastorais e movimentos, que promovem o cuidado com a vida humana. Possamos dizer também de muitos jovens pelo setor da Juventude nas dioceses e de outras expressões juvenis a pastoral da AIDS, da mulher marginalizada, da pastoral familiar, de catequistas, de cristãos leigos e leigas que pela fé, esperança e caridade defendem a vida humana e a casa comum. A CPT e o Cimi trabalham em favor de trabalhadores e trabalhadoras, indígenas. Temos também bispos, presbíteros, consagrados, povo de Deus que buscam a vida como dom de Deus e dão testemunho do Evangelho de Jesus Cristo diante das ameaças da vida humana.

115 Qual será o nosso olhar? Como nós receberíamos Cristo em nossa vida? (Santa Dulce dos Pobres). O que será o amanhã? Devemos cultivar o olhar solidário de respeito e cuidado com a vida e compromisso com todas as criaturas. Devemos assumir o olhar solidário de respeito e cuidado com a vida humana. Tudo o que é vida merece cuidado porque foi criado por Deus.

II Parte – “Viu, sentiu compaixão, e cuidou dele” (Lc 10,33-34)

Síntese: Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá – PA

  1. Compaixão de Jesus – romper com a indiferença

Santa Dulce dos pobres falou em praticar a caridade, não só em palavras.

O olhar com indiferença para quem sofre, não gera a vida, mas quem olha com compaixão fecunda o coração humano. Na parábola do Bom Samaritano Jesus nos convida a olhar o outro que sofre e nos comprometer de fato com ele. O olhar de compaixão como o bom samaritano sentiu, gera um permanecer com ele, uma presença que transforma a vida de quem mais necessita de nós. não se trata de um olhar de comiseração, mas de compaixão que reconhece a dignidade de cada pessoa, criado a imagem e semelhança de Deus na tentativa de resgatar essas coisas desfigurados no caso pelo pecado (Gn 1,26). É esse olhar de Deus manifestado em Jesus Cristo; é olhar do Deus Trinitário, do Deus que gera a vida e amor. Jesus no alto da cruz perdoou os seus algozes: Pai perdoa-lhes! Eles não sabem o quem fazem (Lc 23,34).

A quaresma seja um tempo para a reflexão sobre a misericórdia e a compaixão. É o mistério que nos conduz  no tempo quaresmal para a Paixão, Morte de Ressurreição de Jesus Cristo na medida em que nos propomos a sincera conversão. O Papa Francisco na audiência gera de abril de 2016 afirmava que a parábola do bom samaritano é uma dádiva maravilhosa e um compromisso no sentido que devemos ser como o bom samaritano, que é figura de Cristo. Jesus nos salvou de modo que devemos nos amar no mesmo modo.

Uma pessoa não pode pensar só em si mesma de modo que o individualismo, a indiferença constroem sombras e mortes. Sendo discípulos e amigos do Ressuscitado(Jo 15,15) devemos viver a Páscoa do Senhor para romper os túmulos da indiferença e do ódio e ressurgir para o zelo, o cuidado e a solidariedade. O que faz com que uma pessoa ajuda a outra, dê uma ajuda a quem mais precisa, seja fraco com os fracos, leve comida noturna para com os famintos de rua, entre numa cadeia e separe o pecado do pecador, esteja ao lado de crianças, jovens e adultos, idosos, em suas alegrias e dores? Pode ser que o mundo nos considere loucos, mas somos loucos de amor, e pela fé somos loucos pela vida.

2.1. Compaixão é ter mais coração nas mãos

            É preciso que cultivemos o amor para que assim hajam menos guerras e incompreensões (Santa Dulce dos Pobres). Na história da Igreja temos muitos exemplos de homens e de mulheres que assumiram o sentido da compaixão, sofrer com as outras pessoas percebendo lá o sentido do amor de Deus. São Camilo é um desses exemplos e dizia: colocai, mas coração nessas mãos. O Papa Francisco ao falar para os médicos e também para os profissionais da saúde, afirmava que a fragilidade, a dor e a doença de uma pessoa é uma apelo também para o pessoal medico à paciência, por sofrer com.

 2.2. Compaixão é ter mais justiça no coração

            Deus fala aos nossos corações de modo que devemos vencer os obstáculos que surgem em nossa estrada (Santa Dulce dos Pobres). Na encíclica Dives in Misericordia de São João Paulo II afirmava Jesus revelou com o seu estilo de vida e com as suas ações, o seu amor operante, que abraça tudo quanto constitui a sua humanidade. Assumiu o sofrimento, a condição humana que manifesta as limitações e fragilidades do ser humano. Tudo isso é misericórdia (DM, n. 3). No AT fala-se da justiça como autentica virtude e em Deus signifique perfeição transcendente, o amor deve ser maior que a própria justiça. O amor condiciona a própria justiça. A justiça serve à caridade, e o amor caridade (ágape) que é a forma mais plena da justiça. O primado do amor em relação à justiça manifestam-se pela misericórdia. A justiça acabou por significar a salvação realizada pelo Senhor por meio da sua misericórdia (DM, n. 4).

A justiça divina revelada na cruz de Cristo nasce do amor e se realiza no amor. O mistério pascal é o ponto culminante da revelação e da misericórdia na sua plenitude. Todos são chamados a acreditar no amor de Deus (DM, n. 7).

O Papa Francisco coloca a compaixão edifica a justiça, para nos estimular a superar as desigualdades com entusiasmo e abnegação. A CF 2020 ao tratar da vida como dom de Deus e compromisso nos convida a uma conversão pessoal comunitária, social e conceitual em relação à justiça que nutrimos. Muitos males desfiguram o ser humano criado à imagem e semelhança. Devemos buscar soluções que atinge os fracos para assim vivermos a justiça e a compaixão. Devemos ir a busca das causas estruturais da pobreza. É claro que planos de assistência são importante, mas são soluções provisórias. É preciso superar a desigualdade social porque esta é a raiz dos males sociais (EG, n. 202).

            2.3. A caridade: verdadeiro sentido da vida

            Nenhuma legislação do mundo, nenhuma argumentação poderá superar o apelo da caridade (CDSI, n. 207). Somente ela poderá dar força para superar o mundo cada vez mais complexo, sendo a força inspiradora da ação individual, comunitária e social. A caridade social nos levará a amar o bem comum na dimensão individual e social que as une (CDSI, n. 207). Assim na tradição cristã, a justiça jamais estará desvinculada da caridade. Todas as coisas se constroem pelo amor (Ef 4,15-16). O amor, caritas, será sempre necessário em todas as relações, palavras, ações, porque tudo é feito com o amor e as coisas serão desfeitas no homem quando não houver amor (DCE, n. 28b). É pela caridade que se dá o empenho e a atuação política dos cristãos e das comunidades eclesiais missionárias. A caridade deve animar os leigos e as leigas na atividade política vivida como caridade social (DCE, n, 29). A caridade é o principio das microrrelações e das macrorrelações me vista da ação transformadora na Igreja e no mundo (DGAE 2019-2023, n. 107; n.182). A caridade é também escutar o outro, porque a escuta é profecia.

O bom samaritano viu, sentiu compaixão. Não sendo uma compaixão como pena e consternação, mas como colocar-se na situação do outro. A pessoa imita, fazendo-se próximo, cuidando dele. Devemos ser uma igreja samaritana como sinal e expressão da caridade de Cristo, que é uma igreja de pessoas, que se deixam moldar pela comunhão segundo a verdade trinitária, gravada no coração do ser humano, sendo ele imagem e semelhança de Deus. Devemos sempre fazer o bem, como o bom samaritano para assim cuidar com misericórdia.

O Senhor da vinha, que é Jesus veio para cuidar da vida,cultivar a justiça e sobretudo, ter um coração misericordioso. A justiça misericordiosa não é só um sonho, mas na Quaresma está na origem e no nosso destino. Temos o desafio de construir uma verdadeira democracia. O Deus da misericórdia equipara a todos nós com a mesma graça para descobrir caminhos eficazes de edificação da democracia. O Papa Francisco afirma que a injustiça gera violência, pois não garante a democracia e a dignidade de todos os cidadãos. Não existe democracia com fome, nem justiça com iniqüidade. Os operadores da justiça e do direito devem estar em contato com a realidade para compreender as injustiças contra as quais um dia combaterão.

            2.4. Cuidar é ter mais ternura na vida.

            O Senhor nos dá o amor paterno e materno que nos ama mais uma mãe ama o seu filho. Deus está próximo, compassivo, de modo que necessitamos vencer o medo e confiar na sua graça, assim nos coloca o Papa Francisco. De fato quando o ser humano se sente amado, sente-se estimula a amar e a cuidar. O amor é o sentido da vida. Sentimo-nos amados de modo que devemos amar os outros. Quando de fato a pessoa trabalha pelo amor de Deus, afasta os fantasmas da inimizade e da indiferença, continua o Papa Francisco. Quando se fala de cuidado, deve-se falar de ternura, porque ambos são centelhas do amor divino, pois sentimos o amor de Deus ao ir ao encontro com os outros. Não podemos perder a graça que passa por nós todos os dias e nos convida a viver o cuidado e a ternura.

            2.5. A boa-nova do cuidado da vida

            O evangelho da vida encontra eco persuasivo no coração de cada pessoa humana. Ele é também o centro da mensagem de Jesus (EV, n,1). A Igreja discerne em cada tempo os sofrimentos das pessoas e dos povos. Neste sentido Soa João Paulo II exortava o povo de Deus para as novas formas de pobreza e miséria que se juntaram nos últimos tempos como a falta pelo sentido da vida, a tentação da droga, a solidão na velhice, marginalização discriminação social. A Igreja sempre manifestou com Cristo a caridade, ajudando sempre as pessoas na partilha fraterna (NMI, n. 50).

 O ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus, como forma de ver a vida humana. No magistério recente as noções de ecologia humana e de ecologia integral, sintetizam o magistério atual. Entre a Escritura e o Magistério recente fala-se tanto da defesa da dignidade e da inviolabilidade da vida, da liberdade humana. Tudo isso custou perseguição e até morte com os cristãos.

            2.6. Ecologia integral

            É o compromisso pela criação na qual a Igreja deve promover a defesa da terra, da água e do ar. Seu dever sagrado inclui a proteção das pessoas de uma possível destruição de si mesmas. Quando a ecologia humana é respeitada dentro da sociedade, beneficia-se também a ecologia ambiental. A aliança entre ser humano e ambiental, espelha o amor criador de Deus. É o compromisso para superar problemas como a fome, a insegurança alimentar, a cultura do desperdício, a degradação do ecossistema; é a cultura que coloca o centro a pessoa, sem deixá-la à margem da vida. É uma visão de vida que uma mais que divide, que inclua ao invés de excluir (Papa Francisco aos participantes da DSI, em Junho de 2019). Com a Encíclica Laudato Si’ o Papa Francisco incluiu a noção de ecologia integral na DSI, sendo um ensinamento que tem por base a dignidade da vida no geral em também da vida humana. É tanto um chamado como um dever.

Uma ecologia integral exige que se dedique algum tempo para recuperar a harmonia serena coma criação , refletir sobre o nosso estilo de vida, nossos ideais, contemplar o Criador e essa presença necessita ser criada, desvendada (LS, n. 225). A criação é bonita, de modo a receber o devido louvor dado a Deus (LS, n. 1). Devemos defender a natureza, a Amazônia e lutar contra a ação devastadora dos que colocam o lucro acima da vida, os povos originários.

            2.7. O desafio do sentido

            A solidariedade da Igreja é dada porque Cristo, o novo Adão, manifesta plenamente o homem ao próprio homem e lhe revela a sua altíssima vocação (GS, n. 22). Em Cristo, o ser humano esclarece o enigma da vida humana. A descoberta do sentido da vida é dado pelo amor de Deus, onde encontramos o nosso ser mais verdadeiro, de modo que não poderá ficar só com ele o bem recebido mas deverá anunciá-lo aos outros (EG, n.8). Como é importante a mística de viver juntos, misturar-nos, dar o braço, fazer uma peregrinação sagrada. Nós não podemos nos fechar o que resultaria na opção egoísta, mas na vivencia da fraternidade (EG, n. 87).

III Parte – “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10,33-34).

  1. O cuidar de Jesus – disposição em servir. O ser humano está integrado a todo o universo, pela razão que foi criado por Deus. Sendo discípulos missionários daquele que é a vida, devemos resgatar o sentido do viver no horizonte da fé, proclamando a beleza da vida. Somos todos irmãos e irmãs. Diante da globalização da indiferença é preciso construir uma autentica fraternidade, fundamentada no amor de Cristo Pastor e Missionário.

 3.2 Um compromisso pessoal. A pessoa deve buscar o cuidado, a valorização da vida, ser fraterno, terno. Cultivar boas amizades, redescobrir o valor da vizinhança, cuidado com a própria saúde, lazer, descanso. Somos imagens e semelhança de Deus. Nós não podemos deixar que nos roubem a esperança (EG, n. 86). Tudo o que for feito é fundamental aos olhos de Deus e do mundo. Deve-se conferir gestos de vida no sentido da sua plenitude.

3.3 Uma renovação familiar. São João Paulo II falou sobre ataques desenfreados contra a família, santuário da vida. É ali onde a vida, como dom de Deus é acolhida e protegida em vista de um crescimento humano autêntico (CA, n. 39). É preciso construir a cultura da vida (EV, n. 92) contra uma civilização de destruição (GSa. N. 13). A família deve ser o ponto de chegada de nossa ação pastoral e de ponto de partida para a vida comunitária mais ampla (DGAE 2019-2023, n. 138).

3.5. Jornada Mundial dos Pobres. Somos convidados a assumir a Jornada Mundial dos Pobres percebida pelo Papa Francisco como um gesto concreto da CF 2020, sendo celebrada na semana que antecede a festa de Cristo Rei. O Papa solicita que toda a Igreja viva mais ainda o evangelho voltando-se aos principais destinatários do Reino, os pobres! O fato é que o mundo está indiferente aos pobres de modo que o Papa o instituiu em toda a Igreja e no mundo. Os pobres, dizia o Papa em 2019 não são figuras, mas pessoas que devemos acompanhar, defender e salvar. É uma forma de viver a esmola no tempo quaresmal. Através da caridade para com os pobres Deus se revela. Junto com a Jornada Mundial dos Pobres está a questão migratória, pela realidade dos refugiados. Eles e Elas são violados.

3.6 Um colaboração social. Acolher. Organizar espaços de acolhida, casas pró-vida, criar centros de escuta, fazer programas de prevenção ao suicido, ampliar a escuta aos pobres, dar voz aos pobres, e refletir as causas da pobreza, acolher os fragilizados em espaços de solidariedade e misericórdia. Proteger. Acompanhar os pais em ver que o seu filho que vai nascer terá uma doença ou problema, prevenir o suicídio, favorecer espaços para as crianças, estabelecer casa pró-vida, defesa do nascituro, apoiar as mulheres-mães em situação de vulnerabilidade e os homens-pais que não querem realizar o aborto. Promover. Formar a consciência da vida própria e do próximo, presença junto aos hospitais, em consonância coma vida cristã, projetos com as universidades e escolas católicas para o encontro, assumir u compromisso com a justiça e a solidariedade, apostar nas pessoas pela capacidade da vida, eliminar a exclusão e apartação social, respeitar as diversas culturas e etnias, ampliar a conquista de direitos, realizar fóruns, debates em vista de uma sociedade justa e fraterna, fomentar a DSI nas escolas e universidades, cultivar uma espiritualidade de abertura, acolhida, convivência, para superar a intolerância e o ódio. Integrar: valorizar a justiça restaurativa em âmbito carcerário, combater o reducionismo da vida, prevenir o feminicídio, valorizar a mulher, conscientizar a vida com os avanços biotecnológicos, fortalecer os conselhos em vista da vida e pela garantia de políticas públicas pelo bem comum, defender a vida dos negros, dos indígenas, nos sem teto e daqueles sem condições de sobrevivência, cuidar da ecologia integral como valorizar a vida no seu conjunto, os bens da natureza, os mais pores, os povos tradicionais, a qualidade da vida humana, a ecologia, as riquezas culturais, a justiça entre as gerações, envolver as escolas e universidades na prevenção contra o suicídio, articular no mundo político ações que garantam o direito à vida, o respeito à dignidade humana, desde a concepção até o seu ocaso natural, viver uma legislação de ecologia integral, motivar para uma cultura de paz, propagar a paz entre diferentes culturas, prevalecer a acolhida com todas as pessoas.

            Conclusão

            A Igreja terá pela frente este tema que ajudará a nortear a Quaresma e a todo o ano, a vida como um dom e ao mesmo tempo é um compromisso. Irradie em todos a vitória da ressurreição de Cristo. E Com Ele a igreja trabalhe para que o amor vença todo o tipo de mal. Promovemos a paz entre as pessoas e não ouçamos a voz de quem espalha o ódio e divisões. Amemo-nos uns outros. Todo amor que surge é um poder de transformação que deseja a felicidade. Jesus é a luz em meio as trevas. Não nos consideremos superiores uns dos outros. Cultivemos ideias de paz e de amor. Se pecamos levantem-nos porque Jesus está conosco e Ele veio para os doentes e não para os que tem saúde. Cada ser humano é objeto da ternura do amor de Deus e Ele mesmo habita na sua vida. Na cruz Jesus doou o seu sangue por tal pessoa. É maravilhoso ser povo fiel a Deus. Lançamos o olhar à Maria, Mãe da Esperança e toda a CF 2020 que ela leve os nossos pedidos ao seu Filho Jesus Cristo.

            Fundo Nacional de Solidariedade

Ele acontecerá no dia domingo de ramos, 05 de abril de 2020. Todos deverão se empenhar pela coleta nacional.

Oração da CF 2020:

Deus nosso Pai, fonte da vida e princípio de bem viver, criastes o ser humano e lhe confiastes o mundo como um jardim a ser cultivado com amor. Dai-nos um coração acolhedor para assumir a vida como dom e compromisso. Abri nossos olhos para ver as necessidades dos nossos irmãos e irmãs, sobretudo dos mais pobres e marginalizados. Ensinai-nos a sentir a verdadeira compaixão expressa no cuidado fraterno, próprio de quem reconhece no próximo o rosto do vosso Filho. Inspirai-nos palavras e ações para sermos construtores de uma nova sociedade, reconciliada no amor. Dai-nos a graça de vivermos em comunidades eclesiais missionárias que, compadecidas, vejam, se aproximem e cuidem daqueles que sofrem, a exemplo de Maria, a Senhora da Conceição Aparecida, e da Santa Dulce dos Pobres, anjo bom do Brasil. Por Jesus, o Filho amado, no Espírito, Senhor que dá a vida. Amém.

Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá – PA.

FacebookWhatsAppTwitter