A solidariedade está ganhando forças em nossa vida diária de discípulos, missionários, discípulas missionárias de Jesus Cristo. Vemos muitas iniciativas que possibilitam vida nova dentro de nossas cidades, de nossos bairros, de vida na qual parecia que não ocorreria antes. A solidariedade leva-nos ao amor a Deus, ao próximo como a si mesmo. É tempo de cuidar do próximo.
É claro que ninguém esperava uma situação dessas, de isolamento social, de permanecer em casa, de acompanhar as missas via on line, de fazer reuniões também via on line, de fazer as coisas por compra e venda também pelos meios de comunicação social. Estejamos solidários com tantas mortes, infectados, e a saúde em diversos lugares que entrou em colapso. Estamos unidos na oração pelas autoridades, pelos profissionais da saúde, pelos que trabalham em situação de risco. Estamos atravessando em nível nacional crises na saúde, na economia e na política. Nós não podemos desprezar essas situações e devemos rezar para que possamos sair desta situação delicada, fortalecidos na fé, na esperança e na caridade.
Neste período as pessoas vivem mais próximas umas das outras. As pessoas não estão indo muito na comunidade, mas rezam juntas orações, salmos, leiam o evangelho, do dia, rezam o terço rezado na comunidade ou mesmo acompanham as missas nas igrejas rezadas pelos nossos sacerdotes. Existem iniciativas da liturgia dominical familiar. Vemos um tempo muito importante de vida que surge pela morte de nossos hábitos corriqueiros. Há uma ressurreição de coisas boas a partir de coisas antigas pela Igreja doméstica, igreja do lar. Jesus Ressuscitado caminha conosco, assim como Ele caminhou com os dois discípulos de Emaús que voltaram para casa tristes, desanimados, porque pensavam que o profeta poderoso, Jesus de Nazaré, em palavras e obras diante de Deus e do povo, morreu e não esperavam praticamente nenhuma mudança. No entanto pela explicação da Palavra de Deus e pelo partir do pão, a Eucaristia, eles o reconhecerem como Jesus Ressuscitado. Se daquela cidade eles tinham se afastado, eles fazem o retorno. Lucas tem presente a unidade de tempo; o dia Páscoa, Jerusalém. Jesus se solidarizou com aqueles discípulos tornando-os testemunhas da sua ressurreição.
Neste tempo de pandemia, acreditamos que a vida de cada um de nós, segue os mesmos rumos, com a sua valorização familiar, comunitária e social, mas com um ganho a mais, que é a solidariedade com o próximo. Isso não significa que antes nós não fazíamos, do contrario, a caridade com o próximo está bem presente no nosso seguimento a Cristo Jesus. Vemos a situação de pessoas desempregadas, desabrigadas, moradores de rua, pessoas vulneráveis com a pandemia do Coronavírus (Covid 19), jovens, crianças, adultas, jovens que necessitam de uma ajuda material, psicológica e espiritual. Entendemos que a economia não é tudo, mas que necessitamos de um para com outro, porque o mandamento da lei de Deus, do amor é de fato estar próximo do mais próximo. Há uma valorização maior da vida de todos e sentimos quando alguém morre pelo Covid 19, ou outras doenças, violências na realidade social. Vemos pessoas, entidades, paróquias, sacerdotes, leigos e leigas ajudarem os outros com alimentos, na confecção de máscaras, de realizar o alimento devido, a doação de roupas, ajuda dada aos venezuelanos, famílias que não tem quase nada, mas recebem alguma ajuda e outras iniciativas boas em favor do amor ao próximo, na comunhão com o amor a Deus. A solidariedade é traduzida em gestos, não só em palavras, mas em atos. Vemos muitos sacerdotes que rezam pelo povo de Deus, unidos com o seu povo, ministros extraordinários da comunhão que levam a Eucaristia às pessoas da comunidade e aos doentes, as pastorais da comunicação que ajudam nas celebrações eucarísticas, rezadas pelos sacerdotes, a levar a palavra de Deus para muitas pessoas desanimadas, isoladas, tristes, mas que reforçam a vida sobre o egoísmo. As missas não foram tiradas do povo, como também a Eucaristia não foi tirada do povo. Vemos também neste período a contribuição econômica de muitas pessoas à paróquia e a comunidade continuar com os seus deveres e obrigações. É preciso valorizar a vida. Este período não é o momento de desânimo, mas de valorização da vida, de cada pessoa para que o amor reine em nossas vidas, e o Senhor Ressuscitado esteja em nossas mentes, corações, pela Palavra e pela Eucaristia. Rezemos uns pelos outros, na certeza de que o Deus Uno e Trino seja louvado pelas ações solidárias que realizamos em favor dos pobres e dos necessitados.
Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá – PA.