Por Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá , PA.
Nós meditamos a Campanha da Fraternidade 2025 sobre a Ecologia Integral,
pelo fato de que todas as pessoas cuidem da Casa Comum, e sejam guardiões da mesma.
O poder dado pelo Senhor ao ser humano é percebido como serviço, da vida que deve
ser levada adiante sem a depredação da biodiversidade, das coisas boas que o Senhor
deu para o bem da vida humana e à glória do Deus Criador. É importante meditar a
palavra dos padres da Igreja a respeito do Senhor, de Deus como Criador de tudo e a
relação com a Campanha da Fraternidade deste ano 2025.
O Senhor e Criador de tudo.
A Carta a Diogneto escrita no século II afirmou a importância da doutrina cristã,
pois esta na sua concepção não era uma invenção humana, mas ela provinha do
verdadeiro Senhor e Criador de tudo, o Deus invisível, que fez descer do céu, para o
meio dos seres humanos, a verdade, a palavra santa 1 , Jesus Cristo para o bem da
humanidade e a salvação do mundo. Deus Pai, no seu Filho criou tudo em vista de sua
glória infinita.
O enviado neste mundo: o artífice das coisas.
O escrito da Carta a Diogneto continuou afirmando que o Senhor não mandou
para os seres humanos algum de seus servos, ou um anjo, ou ainda algum dos príncipes
que governam as coisas terrestres, mas o próprio artífice e Criador do universo, isto é,
Aquele que por meio do qual Ele criou os céus e através do qual encerrou o mar seus
limites (cfr. Jó 38,10) 2 , Jesus Cristo, o Salvador.
Os elementos são guardados.
A descrição que a Carta a Diogneto faz do Senhor e Criador de tudo diz respeito
Àquele cujo mistério todos os elementos guardam de uma forma fiel, Àquele de cuja
mão o sol recebeu as medidas que deve observar, em seu curso cotidiano; Àquele a
quem a lua obedece, quando esta é chamada a luzir durante a noite 3 .
A obediência dos elementos.
O Senhor Deus Criador fez as estrelas que formam o séquito da lua em seu
percurso. Ele ordenou a todas as coisas, do qual tudo foi delimitado e disposto: os céus
e as coisas que existem nos céus, a terra e as coisas que existem na terra, o mar e as
coisas que existem no mar, o fogo, o ar. o abismo, aquilo que está no alto, o que existe
no profundo e o que está no meio 4 . Tudo isto fez o Senhor para o bem da humanidade.
1 Cfr. A Carta a Diogneto, 7,1-2. In: Padres Apologistas. São Paulo, Paulus, 1995, pg. 24.
22 Cfr. Idem, 7,2, pg 24.
3 Cfr. Ibidem, pg 24.
4 Cfr. Ibidem, pgs. 24-25.
Deus enviou o seu Filho.
A vinda do Filho de Deus está ligada à reconciliação entre Deus e a criatura.
Alguém poderia pensar esta vinda ligada à tirania ou para infundir nas coisas criadas
medo e prostração?! O Senhor enviou o seu Filho não para condenar o mundo, mas para
que seja salvo por Ele (cfr. Jo 3,17) 5 .
A árvore que dá fruto verdadeiro.
A Carta a Diogneto colocou também a árvore verdadeira na qual a pessoa
seguidora de Jesus é chamada a agarrar-se, que é o Senhor Jesus, porque produzirá a
pessoa muitos frutos agradáveis, nos quais a serpente enganadora não pode tocar, nem
haja mistura de engano, de falsidades, mas só a verdade que é o Senhor e onde haja a
Páscoa do Senhor, a passagem da morte para a vida eterna 6 .
O Deus Criador
Atenágoras de Atenas, padre apologista do século II afirmou o Deus Criador é
um só, diante do politeísmo dos gregos e dos romanos. Ele criou todas as coisas e os
seres humanos. O criado é semelhante aos seus modelos, mas o Incriado não se
assemelha a nada, pois não foi feito por ninguém, nem para ninguém. O Deus Criador
do mundo está acima da criação e habita nas pessoas, nos povos que o amam de fato 7 .
A fé em Deus Uno e Trino.
Atenágoras escreveu a respeito da fé em um só Deus, Eterno, pelo qual tudo foi
feito através do Verbo que Dele vem, e pelo qual tudo foi ordenado e se conserva no
Universo e nas coisas. Desta forma há a unidade entre o Pai e o Filho e o Filho com o
Pai e também no Espírito Santo. Como todas as coisas procedem de Deus tudo foi feito
por Deus Uno e Trino, de modo que era criado por natureza informe e a terra estava
inerte 8 . Deus criou todas as coisas para o bem do ser humano e à gloria dele.
5 Cfr. Ibidem, 7,3, pg. 25.
6 Cfr. Ibidem, 12, 8, pg. 30.
7 Cfr. Atenágoras de Atenas. Petição em favor dos cristãos, 88. In: Idem, pgs. 128-129.
8 Cfr. Idem, pg. 131.