Heráldica eclesiástica é a tradição da heráldica desenvolvida pelo clero cristão. Inicialmente usado para marcar documentos, a heráldica eclesiástica evoluiu como um sistema de identificação de pessoas e Dioceses. É mais formalizada e hierarquizada dentro da Igreja Católica, onde a maioria dos Bispos, incluindo o Papa, e das Dioceses tem brasões pessoais ou institucionais.
A Heráldica desenvolveu-se na Europa medieval a partir do século XI, originalmente como um sistema de emblemas pessoais das classes guerreiras que serviu, entre outros fins, como identificação no campo de batalha. As insígnias foram usadas em selos para identificar os documentos. Os primeiros selos tinham uma semelhança do proprietário do selo, com o escudo e as insígnias heráldicas incluídas.
Carimbos pessoais de Bispos e Abades continuaram a ser usados depois de sua morte, tornando-se gradualmente um selo impessoal e funcional (mais do cargo do que da pessoa). Estes selos inicialmente mostrava uma pessoa, mas como selos seculares começaram a representar apenas um escudo, o clero seguiu esta evolução através da adoção de selos com a insígnia heráldica. Sendo não combatentes, o clero tende a substituir nos brasões os elementos militares por elementos clericais. Em alguns ramos religiosos um crânio substitui o capacete.
O sistema completo de elementos em torno do escudo foi regulamentado na Igreja Católica através da Bula Pontifícia do Papa Pio X Inter Multíplices Curas de 21 de fevereiro de 1905. A composição do escudo em si foi regulamentada e sujeita a registro pela Comissão de Heráldica da Cúria Romana, mas desde que este dicastério foi abolido pelo Papa João XXIII em 1960 as funções regulamentares e registrais a nível global não foram exercidas.
A marcação de documentos é o uso mais comum de brasões na Igreja de hoje. Os brasões de armas dos bispos católicos eram antigamente pintados em barris de vinho e eram apresentados durante a cerimônia de ordenação episcopal.
Os tipos de brasões eclesiásticos inclui instituições e pessoas. A saber: escolas, universidades, áreas pastorais/missionárias, paróquias, foranias/regiões episcopais, prelasias, dioceses e outros; religiosos/as, diáconos, padres (varia de acordo com a função) bispos(varia de acordo com a função) …
Mosteiros, conventos, congregações…
No brasão de uma diocese se sobressai o Escudo, a flâmula e os detalhes a Mitra báculo e Cruz pastoral diocesana
Diferentemente do brasão de uma arquidiocese que a cruz é patriarcal e aparece o detalhe do pálio
Na fórmula se refere o nome da diocese seja na língua vernácula ou no usual que é o latim
Nesse brasão encontramos na simbólica geral o exigido pela heráldica eclesiástica: o escudo, o suporte (cruz, mitra e báculo) e a flâmula.
Isto por tratar-se de um brasão diocesano.
O escudo está dividido em três partes.
Das cores destacam-se as tonalidades em amarelo pela proximidade do ouro; fazem referência a toda dignidade, nobreza e realeza divinas.
No interior do escudo dar-se-á quatro cores.
Na parte superior: o vermelho (a entrega, o martírio, o amor, a devoção, o ardor missionário)
Em seguida vem a faixa divisória em amarelo (segue a mesma descrição da bandeira do município de Marabá: O Amarelo das faixas que estão em forma semi-pairle simboliza os rios que foram por muito tempo uma grande fonte de riqueza e única via de transporte de Marabá, tendo a sede municipal surgido em função dos rios Tocantins e Itacaiunas. Muitos missionários percorreram e ainda percorrem essas hidrovias.
É a cor da tranquilidade, da serenidade, da harmonia, da água, do céu e do infinito.
Na parte inferior o mais extensa, o verde. Mais uma vez a referência à bandeira. Contempla-se aí a riqueza do ecossistema de toda região amazônica (fauna e flora)
Destacamos os ícones…
A hóstia contendo o IHS (está no brasão de Dom Vital – já vinha sendo usado na logo da diocese), refere-se ao próprio Cristo, fonte vida para todos e comunhão plena de Deus conosco que se faz na Igreja. Pois ele mesmo vem ao nosso encontro.
Vem acompanhada da cruz (também usada na logo…) A cruz é sinal da vitória e salvação precedida de muitas adversidades. Também faz menção a todos os missionários que se dedicaram no anúncio do evangelho marcados pela cruz. Sendo ela a marca de salvação a todos.
Muitos deles derramaram seu sangue, martirizados ou não, pelo amor ao reino.
Tais missionários têm suas origens variadas. Desde Dominicanos, Jesuítas, Franciscanos e outros. É evidente que muitos padres cedidos de outras dioceses, até mesmo do exterior. Também há a presença massiva de congregações missionárias femininas.
O ícone da divisória em azul (azul planetário) é o tão usado logotipo mariano “A e M”, (ora faz referência às iniciais de Maria ora faz referência à saudação do Anjo Gabriel: “Ave Maria”) já que a padroeira da diocese é Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e também por ser marcada pela piedade popular mariana (Nossa Senhora de Nazaré), dado que o período forte é Círio de Nazaré. Fato que mobiliza toda Igreja diocesana.
Tanto esse ícone como os anteriores estão em tom branco. Essa é cor plena de luz, pois reflete todas as cores do espectro, já que reflete todos os raios luminosos proporcionando uma clareza total. É a paz, a comunhão, a pureza, a espiritualidade, a mística, a alegria, o equilíbrio interior, a libertação e o Amor de Deus. Mas por outro lado indica o princípio e o fim de tudo.
Na última parte (em verde atual, trovão ou bandeira) encontramos dois ícones. Sendo eles a estrela (a mesma estrela Prateada que está na bandeira de marabá/ simboliza a sede municipal margeada pelos dois rios). Mas foi colocada fora das faixas apontando para toda Região dos Carajás representada pelo segundo ícone. Este, trata-se do mapa da Diocese (também presente na logomarca usada). Está rabiscado em verde intenso/ verde lodo (indica toda beleza e riqueza dos Carajás – minérios, Serra Pelada, rios, ilhas, cultura ancestral e popular).
No interior desse ícone temos vê-se um azul aquarela (toda a região é ladeada por rios; por isso conta com grandes chuvas, enchentes e alagamentos; o que favoreceu às buscas por adaptação ao ambiente; levando, assim, ao crescimento e desenvolvimento; há muitos conflitos e todos, de um modo geral, permanecem atentos, vigilantes e em prontidão, resolutos em superá-los. No centro desse ícone esta um cocá (em tons coloridos/sobressalente dos tons diversos do azul); marca dos povos indígenas dos Carajás, mas também de outros povos acolhidos. Muitos ainda conservam suas raízes e cultivam o cuidado e preservação do patrimônio de todo ecossistema.
Na flâmula foi colocado o nome da diocese em latim como aparece na Bula Papal de criação da mesma: “Diocesis Marabænsi”.
No tocante ao todo das formas, vê-se umas curvaturas em floral (art nouveau): indicativo de toda ação soteriológica de Deus na história da humanidade. Também são traços tipicamente marianos.
Pe. Daniel Morais de Sousa
Arquidiocese de Fortaleza