A epifania nos sermões de São Leão Magno
Por Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá – PA
São Leão Magno, papa no século V fez diversos sermões litúrgicos, marcantes e esses registrarem-se na historia das homilias. Nós temos alguns sermões referentes à epifania do Senhor os quais a seguir, façamos uma análise importante para a nossa vida de pessoas que seguem o Senhor, acolhem a Ele assim como fizeram os reis magos.
Com o nascimento de Jesus Cristo, ocorreu a acolhida do Salvador pelas pessoas humildes como os pais de Jesus e também a graça da salvação universal, que já era anunciada, fez o Mediador de Deus e dos homens manifestar-se ao mundo inteiro como grande dom divino para a humanidade. Ele que tinha sido acolhido pela família de Nazaré quis também desde o inicio do seu nascimento, que a sua vinda não ficasse restrita a um povo, mas fez-se conhecer por todos, pois Ele se dignou nascer para todos. Neste sentido concorrem com este projeto os magos que vieram do Oriente, viram uma estrela e começaram a segui-la de modo que não era sem razão aquelas coisas maravilhosas em suas vidas. Aquele que ofereceu este sinal deu-lhe a capacidade de entendê-lo e a procurá-lo, tornou-se Ele mesmo objeto de busca até que o encontraram.
Os magos deixaram-se guiar pela Luz do céu, a estrela, e seguindo com intensa contemplação o sinal esplendoroso que os precedeu, foram conduzidos pela luz da graça ao conhecimento da verdade, de modo que procuraram em uma cidade régia o nascimento de um rei, graça manifestada a eles por aquele sinal. Aquele que assumiu a natureza de servo escolheu Belém por ocasião de seu nascimento e Jerusalém para a sua paixão. Herodes ao sentir que nascera um rei dos judeus foi tomado de um temor, pensando de ser ele o seu sucessor e por isso tramou a morte do autor da salvação. Quanto seria feliz se houvesse imitado a fé dos magos e ele também pudesse dar-lhe um presente como os magos fizeram com o menino.
Para Leão Magno, com o nascimento do recém-nascido Jesus, o Salvador não estabeleceu um reino temporal, com organização de exércitos e um povo limitado. Ele revelou o amor de Deus para com todas as pessoas. Não seria o tempo de Herodes que Jesus sofreria a condenação à morte, porque antes ele deveria estabelecer o evangelho, o Reino de Deus, com os milagres, as expulsões de demônios, as curas de muitos doentes. Aquele que nasceu por sua vontade morrerá pela sua livre vontade.
Após a conversa com o rei Herodes, os magos buscaram o seu desejo e sob a guia da mesma estrela alcançaram o menino, o Senhor Jesus Cristo. Eles adoraram o Verbo na carne, a Sabedoria na infância, o poder na debilidade, e viram na realidade humana o Senhor da majestade e para exprimir o mistério da sua fé e da sua inteligência testemunharam com os dons, aquilo que acreditaram com o coração.
São Leão Magno percebeu a importância dos dons que os magos ofereceram dando-lhes o devido significado ao recém-nascido. Ele disse que o incenso referia-se à sua divindade, a mirra tinha o significado de sua humanidade e o ouro ao rei dos reis, cientes de honrar na unidade da pessoa de Jesus, as duas naturezas, a divina e a humana[1].
O papa convidou os fieis para que ficassem alegres no Senhor porque o nascimento de Cristo Jesus é a festa da luz. O Verbo encarnado dispôs os inícios da sua vinda na nossa natureza humana em modo que Jesus nasceu para nós, os seus fieis e Ele permanecesse escondido aos perseguidores. Assim os céus narram à glória de Deus. Aquela estrela que guiou os magos é luz para todas as pessoas. Ela conduziu os magos a Jesus para ser adorado, desde o oriente até o ocidente, refulgiu o nascimento do verdadeiro rei, de modo que aquele nascimento não ficou absorvido só ao império romano, mas se espalhou para todo o universo. A palavra profética além dos judeus se estendia aos povos pagãos para instruí-los e o coração dos povos estrangeiros conheceria a Cristo, preanunciado das antigas profecias.
Por isso o papa convidava os fieis a viver o significado da epifania, a manifestação do Senhor que mereceu em todo o mundo uma especial dignidade, mas que deve iluminar os nossos corações para que também nós adoremos o menino Jesus em nossas vidas e em nossas atividades. Nós também somos chamados a seguir a estrela que conduz a Belém, aos nossos corações e partir para a missão de anunciar o Senhor para todos os povos[2].
[1] Cfr. Sermone 12,1.1-3, Sull´epifania 1. In: Leone Magno. I Sermoni del ciclo natalizio, a cura di Elio Montanari, Mario Naldini, Marco Pratesi. Nardini Editore, Fiesole, (FI), 1998, pgs. 224-231.
[2] Cfr. Sermone 13, 1.1-3, Sull´epifania, 2. In: Leone Magno. I Sermoni del ciclo natalizio, Idem, pgs. 232-239.