Marabá, 29 de abril de 2024

A Páscoa na vida de Jesus Cristo e na vida do Povo de Deus

16 de abril de 2024   .   

Por Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá – PA.

            Nós celebramos a Páscoa do Senhor em nossas existências e na vida de nossas comunidades. É o grande mistério no qual Deus Pai ressuscitou Jesus dos mortos (cf. At 3,15). Ela é passagem da morte para a vida em Cristo Senhor, de modo que Jesus como Ressuscitado, está presente na vida do povo de Deus, sendo Ele, o eterno vivente.

A Páscoa é a festa das festas, na expressão de São Gregório de Nazianzo. Os santos padres viveram o espírito pascal no Senhor levando as pessoas até Cristo e eles estavam também junto com o seu povo, sobretudo com os pobres e as pessoas mais necessitadas. Vejamos a seguir como eles se detiveram na vivência da Páscoa, como a grande festa do cristianismo, da passagem do Senhor da realidade visível para a realidade invisível.

            A noite mais clara do dia.

            Santo Astério de Amaseia, bispo nos séculos IV e V, afirmou a beleza da noite da Páscoa como uma noite brilhante mais clara que o dia. Ela é a noite mais iluminada que o sol, noite mais cândida que a neve, a mais suave em vista do paraíso. A Páscoa de Jesus foi a noite que não conheceu as trevas e ela fez vigiar com os anjos do céu, como uma noite fabulosa e de muitas graças. A noite da Páscoa foi o terror dos demônios, onde foram vencidos o pecado e a morte, pela ressurreição de Jesus[1].

            A Páscoa foi a noite da Igreja.

            Santo Astério também especificou a Páscoa como a noite nupcial da Igreja que deu a vida aos novos batizados e batizadas, venceu o espírito do mal, o demônio, porque as pessoas foram lavadas de seus pecados e ressurgiram para uma vida nova com Cristo Jesus. A Páscoa foi a noite na qual o herdeiro do Reino dos céus, Jesus Cristo introduziu os seus seguidores e as suas seguidoras à eternidade junto com Deus[2].

            Páscoa do Senhor.

            Santo Hipólito de Roma, presbítero no século III afirmou a Páscoa tendo como centro, o Senhor Ressuscitado. Ele que está verdadeiramente como presença, tudo em todos, dá a toda criatura, alegria, honra, alimento e delícia às coisas terrenas e celestes. Por meio dele foram dissipadas as trevas da morte. A vida é dada a todos. As portas do céu foram abertas, escancaradas, porque Deus fez-se homem e o homem, o ser humano, foi elevado à semelhança de Deus. A Páscoa é divina e humana, porque é luz do novo esplendor[3].

            O verdadeiro dia de Deus.

            Santo Ambrósio, bispo de Milão disse que a Páscoa é o verdadeiro dia de Deus, por ser radioso de santa luz, no qual o sangue divino lavou os pecados imundos do mundo, restaurando a confiança aos pecadores, pecadoras e iluminando a vista aos cegos[4]. Ela é importante porque percebeu-se a atitude do ladrão arrependido que com um ato de fé aderiu a Jesus Cristo, mudando a cruz em prêmio e com veloz passo, precedeu os justos no Reino dos céus[5]. Santo Ambrósio afirmou que também os anjos ficaram surpreendidos diante de uma grande obra pois observando a tortura do corpo e vendo o pecador com a sua ligação a Jesus Cristo, conquistou a vida bem-aventurada[6].

            O maravilhoso presságio.

            Santo Ambrósio ainda disse que a Páscoa é um maravilhoso presságio, acontecimento, que tirou os pecados de todos, na qual Jesus tornou-se uma carne que limpou os vícios da carne[7]. O bispo continuou o seu discurso sobre a Páscoa como prodígio tão grande na qual a culpa procura a graça, a caridade liberta as pessoas do temor, e a morte traga de volta a vida nova, na pessoa de Jesus Cristo. É preciso dizer que a morte devore o seu ferrão e envolva-se em suas armadilhas, para que assim morra a vida de todos e ao mesmo tempo ressurja a vida de todos com o Senhor Ressuscitado[8]. Da mesma forma que a morte passou para todas as pessoas, a ressurreição de Jesus faz retornar a vida de todos para a glória eterna[9].

            A alegria do Aleluia.

            Santo Agostinho, bispo de Hipona nos séculos IV e V afirmou a existência de uma grande alegria presente na assembléia, nos salmos, nos hinos, na memória da paixão e da ressurreição de Cristo, alegria na esperança na vida futura[10]. O fato é que nestes dias nos quais as pessoas ouviram falar o Aleluia, o espírito mudou em certo modo na vida de todos os seguidores e seguidoras do Senhor Jesus e da sua Igreja. Nestes dias pascais são propícios para levar as pessoas que tem fé e amor o gosto da cidade superior, divina. Se de fato nestes dias produzem tanta alegria, o que será no dia no qual será dito pelo Senhor: Vinde, benditos do meu Pai, recebei o reino (Mt 25,34), quando os santos e santas serão reunidos juntos e todos se conhecerão por viver a paz e o amor neste mundo?!. Desta forma, segundo Santo Agostinho é fundamental dizer o aleluia como um cântico bonito, cheio de alegria, com toda a vida porque a ressurreição de Jesus traz alegria para todas as pessoas do mundo[11].

            A Páscoa é a festa do perdão e do amor.

            São Maximo de Turim, bispo no século IV teve presente que a Páscoa é a festa do perdão e do amor. Nestes dias todas as pessoas exultam de alegria afastando-se dos pecados e ninguém permaneça longe das comunitárias súplicas pelo peso dos delitos. O fato é que se Cristo deu o paraíso ao ladrão arrependido na cruz, muito mais ele perdoará as pessoas convertidas pela graça da ressurreição por confessar-se pecador e viver a graça da ressurreição de Jesus na paz e no amor. Os favores são dados no dia feliz do triunfo da vida sobre a morte em Cristo Jesus, pela sua ressurreição[12].

            Neste tempo pascal, todas as pessoas seguidoras de Jesus são chamadas a viver a sua ressurreição pela fé nas coisas de Deus, pela atitude da esperança num mundo novo e também por obras de caridade, junto aos irmãos e irmãs, sobretudo aos pobres, e as pessoas necessitadas. A Páscoa nunca termina para quem vive a alegria e o amor na ressurreição de Jesus e com os irmãos e irmãs.

[1] Cfr. Asterio di Amasea. 19ª Omelia sul Salmo 5: Inno. In: Ogni giorno con i Padri della Chiesa. A cura di Giovanna della croce. Presentazione di Enzo Bianchi. Milano, Paoline, 115.

[2] Cfr. Idem, pg. 115.

[3] Cfr. Ps. Ippolito. Omelia VI sulla Pasqua: Inno.In:  Idem, pg. 116.  

[4] Cfr. Ambrogio di Milano. Inno 9,1-4. In: Idem,  pg. 117

[5] Cfr. Idem, pg. 117.

[6] Cfr. Ibidem, pg. 117.

[7] Cfr. Ibidem, Inno 9,5-8. In: Ibidem, pg. 118.

[8] Cfr. Ibidem, pg. 118.

[9] Cfr. Ibidem, pg. 118.

[10] Cfr. Agostino d`Ippona, Sermoni 229/B,2. In: Ibidem, pg. 119.

[11] Cfr. Ibidem, pg. 119.

[12] Cfr. Massimo di Torino, Sermoni 53,4. In: Ibidem, pg. 121.

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