Marabá, 27 de julho de 2024

A solenidade de Pentecostes na visão de São leão Magno

17 de maio de 2024   .   

Por Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá – PA.

            Pentecostes foi a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos com Maria Santíssima no Cenáculo (cf. At 1,14; 2,1-11). É uma solenidade de grande alcance para o cristianismo, marcando desta forma a vida da Igreja na qual ela vai ao mundo para anunciar a mensagem do Evangelho de Jesus Cristo. A missão é dada pelo Espírito Santo em unidade com o Senhor e com o Pai. A seguir dar-se-á uma visão desta solenidade em São Leão Magno, Papa no século V.

            Festa importante.

            São Leão Magno afirmou que Pentecostes era uma festa muito importante na vida dos cristãos e das cristãs. Era consagrada ao Espírito Santo com o excelente milagre do dom que ele fez de si mesmo para os apóstolos e para a Igreja[1]. Após quarenta dias em que o Senhor foi elevado aos céus, no qüinquagésimo dia, veio o dom de Deus, o Espírito Santo sobre os apóstolos.

            O qüinquagésimo dia.

            São Leão Magno falou da importância do qüinquagésimo dia, que seria a palavra Pentecostes. O povo hebreu no qüinquagésimo dia celebrou, após a imolação do cordeiro, a Lei que foi dada no monte Sinai (cf. Ex 19,17). Assim também no qüinquagésimo dia, após a paixão de Cristo, sendo morto o Cordeiro de Deus, desceu sobre os apóstolos e o povo fiel o Espírito Santo (cf. At 2,3). O Espírito Santo veio para estimular ações em favor de Cristo e da Igreja em unidade com as duas alianças: o Antigo e o Novo Testamentos[2].

A presença do Espírito Santo.

Os Atos dos Apóstolos colocaram a presença do Espírito Santo que desceu em Pentecostes como línguas de fogo, de modo que todos ficaram cheios do Espírito Santo começando a falar em outras línguas (cf. At 2,1-11).  São Leão afirmou a presença do Espírito Santo dando novo vigor à Igreja nascente. Quando Deus é o mestre tudo vai bem. O Espírito da verdade soprou de uma forma livre sobre as pessoas. As línguas próprias de cada povo tornaram-se comuns, pelos lábios da Igreja[3]

Trombeta do Evangelho.

São Leão Magno disse que neste dia ressoou a trombeta evangélica da pregação, com chuvas de carismas, rios de bênçãos a irrigarem o deserto e a terra para renovar a face da terra. Este mesmo Espírito que veio sobre os apóstolos pairava sobre as águas lá no inicio da criação(cf. Gn 1,2) para dissipar as trevas do erro, coruscar os fulgores de uma nova luz, para iluminar e para queimar os pecados das pessoas e dos povos[4].

O Espírito Santo é Deus como o Pai é Deus e o Filho é Deus

O Espírito Santo é de natureza divina, porque é Deus como o Pai é Deus: é Deus como o Filho é Deus, formando a Trindade Una e Santa. Na Trindade divina nada é dessemelhante, nada é desigual. Nela nada difere em poder, glória e eternidade. Não é diferente a natureza, nem a divindade. Na última ceia Jesus prometeu a vinda do Espírito Santo, do qual Ele não falará por si mesmo, mas tudo o que disser estará em comunhão com o Pai e com Filho (cf. Jo 16,12-15). O Espírito Santo é o Espírito do Pai e do Filho[5]. Tudo o  que o Pai tem, igualmente tem o Filho e o Espírito Santo. Sempre teve na vida divina a perfeita comunhão entre o Pai e o Filho, o Filho também está unido com a Igreja e, sobretudo com as pessoas pobres. A comunhão na Trindade sempre existiu porque nela ter tudo é o mesmo que sempre existir[6]. Tudo parte do Pai, passa pelo Filho e se completa no Espírito Santo tornando vigorosa a missão evangelizadora na Igreja e a vida no mundo.

As ações do Espírito Santo.

São Leão Magno enumerou algumas ações do Espírito Santo na vida dos seguidores e das seguidoras do Senhor. Dele provém a invocação do Pai, as lágrimas dos penitentes pela sua conversão, os gemidos dos suplicantes. Pelo Espírito Santo, é possível dizer Jesus é o Senhor (cf. 1 Cor 12,3)[7]. Se existe a diversidade de dons, no entanto o Espírito é o mesmo (cf. 1 Cor 12,4).

Ele é santificador.

É muito importante a celebração de Pentecostes, a sua solenidade na vida familiar, eclesial e social. O Papa Leão disse ainda que o Espírito Santo é santificador, porque Ele santifica toda a Igreja católica, instrui todos os espíritos racionais. Ele coloca em unidade com o Senhor o fogo de amor no coração das pessoas e dos povos em vista da missão. Ele dá o dom às pessoas para amar Jesus Cristo, o Pai e a Igreja. Tudo é Luz ao seu redor de modo que o pecado[8] não tem vez e voz para reinar, mas com o Espírito Santo reina a paz e o amor.

[1] Cfr. LXXV Sermão. Primeiro sermão de Pentecostes de Leão Magno. Paulus, SP, 1996, pg. 178.

[2]Cfr.  Idem, pgs. 178-179.

[3] Cfr, Ibidem, pg. 179.

[4] Cfr. Ibidem, pg179.

[5] Cfr. Ibidem, pg. 180.

[6] Cfr. Ibidem, pg. 181.

[7] Cfr. Ibidem, pg. 182.

[8] Cfr. Ibidem, pg. 182.

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