Foto: Correio
Com a pandemia do novo coronavírus, este ano a tradicional caminhada realizada pela Diocese de Marabá, Conselho da Mulher e Movimentos Sociais, em celebração ao Dia Internacional da Mulher, não foi possível de acontecer. Contudo, o ato continua sendo representado e está cada vez mais forte. Atuando em defesa das mulheres, a ação busca sensibilizar e dar voz para que as mulheres não se calem diante da violência doméstica.
Leidiane Sousa, conselheira municipal de Defesa do Direitos da Mulher e representante da Diocese de Marabá dentro do CONDIM, reafirma a necessidade de manter a resistência em um momento delicado como este. “Estamos aqui lutando, celebrando as conquistas de políticas públicas e ocupando cada vez mais nossos espaços. Nós, enquanto Diocese e Conselho da Mulher, queremos dizer para a população marabaense que que continuamos atuando em defesa de todas, sejam mulheres da cidade, do campo, ribeirinhas ou indígenas”.
A Diocese de Marabá foi quem sugeriu a Lei “Somos Todos Maria da Penha”, que é municipal, que torna obrigatória a fixação de cartazes com o número do Disque Denúncia e canais de atendimento à mulher, em locais com amplo fluxo de pessoas, sejam estabelecimentos públicos ou privados.
“Pedimos que as mulheres denunciem qualquer tipo de violência. Não vamos continuar com essa tortura dentro dos lares. Sabemos que não é fácil, por isso, foi criada uma rede de proteção atuante, como a Delegacia da Mulher, Ministério Público Estadual e a Coordenadoria da Mulher. Procurem, denunciem”, pede a conselheira.
A diretora do Disque Denúncia do Sudeste do Pará e membro do CONDIM, Ellen Araújo, afirma que nesse último ano houve um aumento considerável nos casos de denúncias de violência contra as mulheres. Ela avalia que muito disso, se deve ao fator do isolamento social, causado pela pandemia, onde a mulher passou a conviver mais com o companheiro. “Estamos buscando trazer políticas públicas para Marabá, com o intuito de oferecer mais ferramentas para elas. Com isso, ao recebermos a informação de agressão, possamos tratar da forma mais rápida possível. Nossa intenção é fortalecer a rede, para que essa violência não chegue a um feminicídio”.
Com campanhas de conscientização e quebra de ciclos de violência, Ellen destaca que o apoio da família é fundamental nesse momento. “Fizemos uma pesquisa e percebemos que o perfil do agressor aponta 90% para o companheiro ou o ex-companheiro. Normalmente, essas agressões acontecem à noite, na frente dos filhos, após ingestão de bebidas alcóolicas ou outras drogas, ou ainda aos finais de semana”, contemporiza.
O bispo da Diocese de Marabá, Dom Vital Corbellini, se emociona e afirma que esse momento é muito especial, já que a mulher é a imagem e semelhança de Deus. “É um dia de reflexão, de pensar que tantas mulheres estão sendo violentadas. Por isso, a Diocese está aqui, com o compromisso de amor. A lei “Somos Todos Maria da Penha” veio pela necessidade que temos de preservar a vida das mulheres”.
Para o bispo, as mulheres são seres especiais, tendo elas mais capacidade de amar que os homens. “Devemos lutar contra o machismo, precisamos dialogar mais com a família”, finaliza.
O padre Edmundo Monteiro Soares, responsável pela Paróquia de São Francisco, fica feliz com a ação proposta pela Diocese e outras entidades, já que são poucas as instâncias que se preocupam com essa situação de violência doméstica na sociedade. “Estamos juntos nessa luta, manifestando nosso apoio e lutando pela liberdade e pelo fim da violência contra mulher”.
Padre Jorge Luiz Guimarães, também da Paróquia de São Francisco, observa que há muitas mulheres à frente desse movimento para serem a voz daquelas que silenciam por vários motivos. “Há muitas delas que estão submissas às mais variadas formas de violência. Louvo e agradeço a Deus pela coragem das mulheres que estão à frente desse movimento. (Ana Mangas)
Fonte: Correio de Carajás