Foto: CNBB
Por Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá – PA.
Estamos iniciando o mês de outubro, mês das missões. Jesus Cristo é missão, enviado do Pai como o grande missionário para anunciar a vida, a paz e o amor. Ele não veio para condenar o mundo, mas para salvá-lo (cfr. Jo 3,17). Este é o tema que norteia o mês missionário em nossa igreja no Brasil nas Dioceses e nas comunidades eclesiais missionárias. A missão faz parte de seu ser igreja, pois o Cristo quer nos ver missionários e missionárias a serviço de todas as pessoas, mas, sobretudo dos mais necessitados, em busca da salvação de todos.
A missão na pessoa de Jesus Cristo.
São Paulo diz que “Cristo Jesus existindo na forma divina, não considerou um privilégio ser igual a Deus, mas esvaziou-se, assumindo a forma de servo e tornando-se semelhante ao ser humano” (Fl 2, 6-7). Jesus assumiu a forma de servo, para influenciar a humanidade a importância da doação, porque “ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15, 13). Jesus viveu estas palavras dando a sua vida na cruz pela salvação da humanidade. Ele, sendo Deus assumiu a forma humana, de modo que ele se tornou servo, humano como nós, igual em tudo menos o pecado, para assim expiar os pecados do povo (cfr. Hb 2,17). As duas naturezas, a humana e a divina andaram juntas de modo que ele realizou ações humanas e divinas na única pessoa do Verbo em favor de todos. Ele veio para nos reconciliar com o Pai (cfr. 2 Cor 5,18), levar a humanidade até Deus, numa nova relação porque a antiga fragmentou-se pelo pecado original, de modo que nele houve a criação de mulheres e de homens novos, estabelecendo a paz (cfr. Ef 2,15). Jesus Cristo veio para nos salvar, como o próprio nome de Jesus é Salvador. A missão de unidade com o ser humano, de fraternidade estava na própria pessoa de Jesus Cristo.
Jesus Cristo contou com os seus discípulos.
Desde o inicio de sua vida pública, Jesus contou com pessoas, discípulos que ele chamou para o seguirem mais de perto. “E, imediatamente, deixando as redes, eles o seguiram” (Mc 1,18). No anúncio do Reino de Deus para com as pessoas, na realização dos milagres, na expulsão de demônios, ressurreição de mortos, estava rodeado pelos discípulos e muitas vezes por multidões.
A característica do chamado do Senhor é ligado também ao envio. Ele enviou os doze para anunciar o Reino de Deus e a curar os enfermos, doentes (cfr. Mt 10,7-8). Mas ele também contou com setenta e dois discípulos tendo presente que “a colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao Senhor da colheita que mande trabalhadores para a sua colheita” (Lc 10, 1-3). Jesus nos ensina a rezar e a trabalhar pela missão. Os discípulos também deviam curar os doentes e anunciar o Reino de Deus (cfr. Lc 10, 8-9), em comunhão com a missão que Jesus recebeu do Pai de proclamar o Reino e de defender a vida sobre a morte. Os discípulos aprenderão do Mestre a necessidade de servir os outros, pois é no serviço que está a grandeza da pessoa. Jesus veio para servir e dar a vida para todas as pessoas (cfr. Mt 20, 26-28).
Mulheres, seguidoras de Jesus.
O evangelista Lucas colocou que “Jesus percorria cidades e povoados, proclamando e anunciando o evangelho do Reino de Deus. Estavam com ele, os doze, e também algumas mulheres”(Lc 8, 1-2). O Reino de Deus era também proclamado a elas. As mulheres serão as anunciadoras da ressurreição de Jesus para os discípulos que estavam fechados no cenáculo com medo dos judeus (cfr. Lc 24, 1-9). O seguimento a Jesus é dado para homens e mulheres porque a missão é dada para todas as pessoas.
Ide pelo mundo.
Antes de partir para a casa do Pai, Jesus deu o mandato para os discípulos de irem para o mundo e de fazerem discípulos todos os povos, marcados pelo batismo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando a todos a observar tudo o que ele mandou (cfr. Mt 28,19-20). A partir de Pentecostes os discípulos entenderam a missão de Jesus e tornaram-se os seus anunciadores de sua palavra no mundo. Quase todos morreram como mártires, dando a vida pelo Senhor. Eles proclamaram as verdades da pessoa de Jesus em unidade com a sua missão recebida do Pai e fundaram comunidades, de modo que o evangelho foi recebido por muitos povos e nações até chegar aos nossos tempos. Cristo Jesus conta conosco e com muitas pessoas para que sejamos missionários e missionárias sempre prontos a perseverar em toda a vida na vocação, a renunciar a si mesmo e a todas as suas coisas e a ‘fazer-se tudo para todos’ (cfr. 1 Cor 9,22; cfr. AG, 24).
A missão é confiada a Igreja.
A igreja, povo de Deus, continua a missão de Jesus no mundo de hoje. É própria da Igreja a evangelização, de seu ser, o anúncio da palavra de Deus, de Cristo para os homens e as mulheres de nosso tempo, acompanhada também com os sacramentos, sobretudo da eucaristia. Os últimos papas, de forma especial São Paulo VI e o Papa Francisco realçam muito a missão da Igreja de ir para o mundo e aos povos, obedecendo ao mandato do Senhor de fazer as pessoas discípulas e discípulas de Jesus Cristo e de sua Igreja. É preciso sentir o cheiro das ovelhas e dar a vida pelo Senhor na obra da evangelização.
A missão na Amazônia.
A missão de Jesus é dada na Amazônia, com os seus diversos rostos, de povos indígenas, de ribeirinhos, de povos do campo e da cidade. É preciso assumir o pacto educativo global, a educação, a ecologia integral, a formação de leigos e de leigos a serviço do Reino de Deus neste chão amazônico. A profecia deve estar presente na missão com o Senhor. No mês de outubro, os círios de Nossa Senhora de Nazaré realçam muito Maria, como a Rainha da Amazônia. Em diversos lugares e cidades fazem-se os círios missionários, onde a missão é dada nas ruas ou nas famílias. O tempo pandêmico limitou muito as visitas as famílias e comunidades, mas muitas ações estão sendo realizadas em favor na unidade da missão de Cristo e de sua Igreja na Amazônia. De fato a missão é bonita, é graça de Deus e é também responsabilidade humana. O contexto é dado em vista da vida dos mais necessitados, em comunhão com o Senhor.
Na Querida Amazônia, o Papa Francisco realçou a importância da opção pelos pobres da Igreja impelindo à libertação da miséria material e a defesa de seus direitos, e ao mesmo tempo propondo a amizade com o Senhor que os promove e dignifica (cfr. QA, 63).
A missão é importante pelo incentivo de comunidades, da vivência fraterna do seguimento a Jesus Cristo. A CNBB coloca a necessidade de construir comunidades eclesiais missionárias nos mais variados ambientes, que sejam casas da Palavra, do Pão, da Caridade e abertas à Ação missionária (DGAE 2019-2023, n. 33).
A missão é Jesus Cristo de modo que o mês missionário impulsione a todos os fieis para o encontro com o Senhor e fazer da missão o nosso compromisso de levar a boa nova do Reino para muitas pessoas em vista da salvação das pessoas.