Marabá, 10 de dezembro de 2024

São Pedro e São Paulo: os missionários e os educadores do Senhor na Igreja antiga e atual

29 de junho de 2023   .   

Por Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá – PA.

            Nós celebramos no final do mês de Junho, início de Julho, especificamente no domingo a solenidade de São Pedro e São Paulo, dois apóstolos, dois grandes missionários e educadores do Senhor Jesus Cristo. Eles foram fiéis à mensagem evangélica proclamando-a para os outros, mas, sobretudo vivenciando-a em seus corações e nas suas atividades. Atualmente a doutrina sobre eles ajuntam-se a missão e também a educação, como formas de uma vida de doação, de amor a Deus, ao próximo como a si mesmo. Se Pedro era um dos membros dos doze apóstolos, escolhidos pelo Senhor para estarem com Ele e aprenderem a sua forma de viver e de atuar (Mc 3,13-19), Paulo teve um encontro com o Ressuscitado quando estava indo para Damasco (At 9, 1-9), encontro que o marcou para toda a sua existência, pois ele passou de perseguidor a seguidor de Jesus, cheio do Espírito Santo e da palavra evangélica. Hoje a missão e a educação continuam com o Papa Francisco, na sucessão apostólica. O Senhor Jesus o abençoe na caminhada. É muito importante fazer uma análise de suas vidas marcadas pelo Senhor, pela comunidade eclesial e a forma como eles inspiram a pastoral atual para que as pessoas doem as suas vidas ao Senhor, a exemplo de São Pedro e de São Paulo.

            O Espírito Santo presentes na vida dos apóstolos.

            A missão e a educação estavam ligadas nos dois apóstolos pelo dom do Espírito Santo, os dois Pentecostes ocorridos na vida dos pagãos através dos dois apóstolos. Pedro estava na casa de Cornélio pedindo para as pessoas buscarem uma vida de convertidos do Senhor, pois ele ainda estava falando do Espírito Santo quando Ele desceu sobre todos os que estavam escutando a palavra de Deus. Desta forma os fiéis de origem judaica que estavam com Pedro admirarem-se de que o dom do Espírito Santo fosse derramado sobre os pagãos (At 10, 44-45). Em Éfeso quando Paulo realizava o batismo em nome do Senhor Jesus para as pessoas, quando ele chegou à imposição das mãos, o Espírito Santo desceu sobre eles e começaram a falar em línguas e a profetizar (At 19, 5-7). Foram duas presenças do Espírito Santo que os impulsionou os fieis para a missão e a educação.

            A missão e a educação andaram juntas nos dois apóstolos.

            Pedro e Paulo foram seguidores do Senhor e deram as suas vidas pela causa do evangelho. É possível dizer que a missão e a educação andaram juntas nestes dois grandes seguidores de Cristo Jesus. Pedro aprendeu do Mestre a forma de servir e de amar as pessoas. No reconhecimento como Messias e Filho de Deus, o Senhor lhe confiou sobre a sua pedra, a construção da sua Igreja (Mt 16,18). Ele disse ao Senhor que só Ele tem palavras de vida eterna (Jo 6, 68). Ainda que não compreendesse o gesto de Jesus na última ceia de lavar os pés dos discípulos, mas ele aceitou que o Senhor lavasse os seus pés, as suas mãos e a sua cabeça (Jo 13,9). Diante das perguntas do Senhor se ele de fato o amava, Pedro prometeu um amor especial, primeiro ao Senhor para que ele apascentasse o rebanho do Senhor (Jo 21, 15-19). Pedro assumiu a missão de coordenar os seguidores do Senhor e também de educá-los nos valores da paz e do amor a Deus, ao próximo como a si mesmo. Ele teve uma palavra muito importante no dia de Pentecostes, afirmando que Jesus era o Senhor e que o Pai o ressuscitou dos mortos, de modo que Deus o constituiu Senhor e Cristo (At 2,36) e na casa de Cornélio disse que nele há a salvação e o perdão dos pecados (At 10,43). Paulo foi missionário e educador de Jesus Cristo. Antes de sua conversão foi perseguidor dos seguidores e das seguidoras do Senhor. No caminho para Damasco onde tinha poderes para prender os cristãos, Jesus apareceu em sua vida, de modo que o encontro e a visão do Senhor foram a sua grande transformação de perseguidor para anunciador do Senhor Jesus, encarnado e Ressuscitado (At 9, 4-9). Ele não fez parte dos doze apóstolos, mas ele se tornou um grande apóstolo, o maior deles, cuja missão foi grande diante dos demais, como ele dirá por que foi uma pessoa imbuída pelo Espírito Santo a proclamar para as pessoas, aos povos, a mensagem de salvação do Senhor Jesus Cristo (1 Cor 15,9-10). Ele fez diversas viagens pelo mundo constituindo comunidades, formando pessoas para o seguimento do Senhor. Neste sentido ele foi também um grande educador das pessoas e dos povos, conduzindo-os para Deus. O Apóstolo disse que ainda que a comunidade de Coríntios tivesse milhares de educadores em Cristo, não tinham muitos pais, porque foi Ele que por meio do evangelho os gerou em Cristo Jesus (1 Cor 4,15).

O que os santos padres disseram a respeito dos apóstolos, missionários e educadores?!

São Clemente de Roma, papa no final do século I e início do século II disse que Pedro e Paulo foram bons apóstolos, missionários e educadores. Pedro, pela inveja injusta, suportou muitas fadigas, sacrifícios, mas depois de ter prestado testemunho, isto é, de dar a sua vida pelo Senhor, foi para o lugar vitorioso que lhe era devido, a vida eterna com o Senhor. Paulo, da mesma forma, sofrendo pela inveja e a discórdia mostrou o preço reservado à perseverança. São Clemente disse que após ele ter alcançado os limites do Ocidente, deu um testemunho diante das autoridades, dando a sua vida pelo Senhor, foi para o lugar santo, tornando-se o maior modelo de perseverança[1]. Em Roma, Pedro e Paulo foram mártires do Senhor, após uma missão e educação profícuas pela Igreja e pelo Reino de Deus.

Roma: A Igreja que presidiu o amor e os seus fundadores.

Santo Inácio de Antioquia, bispo nos séculos I e II afirmou que a Igreja de Roma, tendo presente os dois apóstolos, Pedro e Paulo, era aquela que presidia ao amor sem dúvida pela graças da missão e da educação. O fato era que a Igreja de Roma tinha a sua preferência por ser a primeira das Igrejas do mundo onde residia o sucessor dos apóstolos, Pedro e o grande evangelizador dos pagãos, Paulo. Ela é digna de ser chamada feliz, de louvor, que porta a lei de Cristo, que porta o nome do Pai[2].

Santo Ireneu de Lião reforçou a Tradição Apostólica no sentido de que os Apóstolos Pedro e Paulo evangelizaram em Roma, tornando-se os dois fundadores daquela Igreja. Por isso foram chamados de missionários e de educadores da Igreja de Roma[3].

O martírio dois missionários e educadores.

Santo Agostinho, bispo de Hipona nos séculos IV e V afirmou que Pedro foi o primeiro dos apóstolos pela missão que o Senhor lhe confiou na condução de sua Igreja, na qual o Senhor lhe daria as chaves do Reino dos céus (Mt 16,18-19). Paulo foi o grande evangelizador e educador na fé ao dizer que não se sentiria bem se não evangelizasse (1 Cor 9,16). Santo Agostinho disse que a Igreja celebrava o martírio dos dois apóstolos como se na verdade os dois eram como um só em Cristo Jesus. Eles deram o mesmo testemunho ao Senhor pela doação de suas vidas. Pedro foi à frente e Paulo o seguiu. É celebrado o dia festivo, consagrado para toda a Igreja pelo sangue dos apóstolos. É preciso segundo Santo Agostinho, amar a fé, a vida, os trabalhos, os sofrimentos, os testemunhos, as missões, as educações dadas, as pregações dos dois apóstolos, Pedro e Paulo[4].

São Pedro e São Paulo seguiram a Jesus Cristo, amaram a Igreja do Senhor, foram missionários, educaram pessoas e povos para a vida que vem de Deus Uno e Trino em vista da salvação humana. Eles foram e são duas luzes no grande luzeiro que é o Senhor Jesus Cristo, na missionariedade e na educação para que mais pessoas sejam missionárias e educadoras da fé, da esperança e da caridade. O Senhor acompanhe o Papa Francisco na condução da Igreja pela paz, pelo amor a Deus, ao próximo como a si mesmo.

[1] Cfr. Clemente aos Coríntios, 5. In: Padres Apostólicos. São Paulo, Paulus, 1995, pg. 27.

[2] Cfr. Inácio aos Romanos, Introdução. In: Idem, pg103.

[3] Cfr. Ireneu de Lião, III,1,1. São Paulo, Paulus, 1995, pg. 247.

[4] Cfr. Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo. Sermo 295,1-2.4-,7-8; PL 38, 1348-1352. In: Liturgia das Horas. Aparecida, SP, Editora Vozes, Paulinas, Paulus, Editora Ave-Maria, 2000, pgs. 1392-1394.

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