Por Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá – PA.
Santo Agostinho, bispo de Hipona nos séculos IV e V deu um grande testemunho de vida no seguimento a Jesus Cristo sendo um bom pastor de sua Igreja, marcando presença junto às comunidades, povo de Deus, espalhando os valores evangélicos da paz e do amor. Na atualidade são chamados também os pastores a viver o bom testemunho em todos os setores da vida humana, através das virtudes da fé, da esperança e da caridade. É preciso a doação de seus pastores para que o Reino de Deus cresça aqui e agora e um dia na eternidade. A Igreja no Brasil é convidada a fazer o caminho sinodal de modo que todas as pessoas vivam a alegria do serviço aos outros, a Jesus em vista de uma caminhada em conjunto, em comunhão.
A esperança é o Cristo Jesus.
A nossa esperança está em Cristo, sendo Ele a nossa glória, verdadeira e salutar. Santo Agostinho teve que advertir pessoas que se diziam pastores, gostavam de ser assim chamadas, mas não faziam o ofício de pastor, a missão de pastor como deveria ser a exemplo do Senhor Jesus. Seguindo o profeta Ezequiel que criticou a má atuação dos pastores em Israel (cfr. Ez 34,1-2), o bispo de Hipona afirmou a necessidade de dizer a verdade, porque se as coisas forem ditas por nossa causa, seremos pastores que apascentam a nós mesmos, não as ovelhas, mas se ao invés vem do Senhor as coisas que digamos, é sempre o Senhor a apascentar-nos na certeza de que nós somos chamados a sermos bons pastores.
Os pastores que apascentam a si mesmos.
O profeta continua criticando os maus pastores. “Ai dos pastores que apascentam a si mesmos” (Ez 34,2). Santo Agostinho disse o motivo pelo qual os pastores foram repreendidos, é o fato de que tais pastores apascentam a si mesmos e não as ovelhas. Seguindo também o Apóstolo São Paulo, Agostinho tem presentes que estes pastores buscam os seus próprios interesses, não aqueles que Jesus Cristo quer de seus pastores (cfr. Fl 2,21).
Considerações próprias.
O bispo de Hipona quis que se fizessem as considerações próprias. O Senhor colocou a ele naquele lugar do qual dever-se-á dar contas por um traço de sua condescendência e não por merecimentos próprios. Existem duas dignidades aquela de ser cristãos e aquela como Santo Agostinho de ser bispo. Aquela de ser cristãos é para ele muito importante, e vão sublinhadas as vantagens que derivam dos bispos; e em relação aqueles que assumem o episcopado, o que conta é o serviço que todos os ordenados devem prestar ao seu povo. Sendo muitos os cristãos estes podem alcançar a Deus de uma forma às vezes mais ágil do que os bispos pelo fato do peso que carregam com a sua missão. Santo Agostinho afirmou que pelo fato de ser bispo deverá prestar contas a Deus pelo ministério assumido, o episcopado, com alegria e com amor.
Oração.
Ao expressar-se desta forma ao povo, em ligação à palavra de Deus, Santo Agostinho pedia aos fiéis orações. O dia do julgamento do Senhor virá para todas as pessoas e também para os bispos que assumiram o ministério de coordenar uma comunidade. Ele desejava que ao chegar o dia da passagem, o Senhor o encontrasse preparado. O bispo deve ter presente o bem das pessoas e do Reino de Deus. Se o bispo buscasse os seus próprios interesses, que ficasse no orgulho de seu poder que ocupa, a sua honra, ele estaria entre aqueles que apascentam a si mesmos e não as suas ovelhas e para não cair nestas tentações, o bispo pedia orações ao povo em vista da firmeza de sua missão.
O pastor é Deus.
O verdadeiro pastor é Deus seja qual for a posição dos pastores eclesiais, se agem para o bem das pessoas ou não. É claro que é fundamental que os bispos, as pessoas ordenadas sejam bons pastores. Deus não abandona jamais as suas ovelhas, porque estas são amparadas pelo Senhor para alcançar os bens a elas reservadas. Santo Agostinho também disse que os pastores devem servir as ovelhas com amor. Diante da caridade do Evangelho o ponto fundamental que esperava dos pastores que levem as pessoas à salvação que vem de Jesus Cristo. No entanto ele tinha presentes algumas pessoas que se diziam pastores que viviam da providência do povo através dos alimentos, mas não cuidavam das ovelhas, buscando os seus próprios interesses, não aqueles de Jesus Cristo (cf. Fl 2,21).
O apóstolo São Paulo.
O Apóstolo São Paulo viveu de uma forma desprendida junto às suas comunidades. Santo Agostinho colocou-o como um grande pastor junto ao seu povo, na qual não procurava os seus interesses, mas aqueles do povo de Deus e do Senhor Jesus Cristo. Ele buscava como o Senhor a ovelha doente para assim não deixar progredir a infecção. Assim ele não buscava vantagens próprias, mas aquelas de Jesus Cristo (Fl 2,21).
A indiferença e a dedicação.
Santo Agostinho afirmou coisas que o povo poderia dizer aos pastores quando não apascentam o povo, mas a si mesmos dadas pela indiferença à missão. Quando o pastor não dá o bom testemunho de vida poderia ocorrer que o povo diga que os pastores façam a seu bel prazer as coisas. O Bispo percebeu que estas coisas não levariam a nada. No entanto quando o pastor é dedicado a Deus e ao povo, a palavra de Deus é vivida pelas pessoas e os ministros consagrados são bem acolhidos pelo seu povo também pela vivência da palavra, porque não apascentam a si mesmo, mas ao povo e ao Senhor. Desta forma o testemunho de vida é fundamental para os pastores do povo de Deus no seguimento a Jesus Cristo, à sua Igreja e ao Reino de Deus. Santo Agostinho nos exorta para isso a viver a palavra de Deus junto ao povo do Senhor a nós confiado.